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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
O isolamento social foi uma das primeiras medidas preventivas utilizadas para conter a aglomeração de pessoas e evitar a proliferação da Covid-19. Isso fez com que diversos segmentos do mercado fossem impactados e, com o setor de eventos, não foi diferente. Os casamentos, por exemplo, movimentam R$ 250 bilhões ao ano na economia brasileira e, até 2019, empregavam 6 milhões de trabalhadores diretos e indiretos - segundo pesquisa feita pela Associação Brasileira de Eventos Sociais (Abrafesta).
Em Santa Maria também é possível observar esses impactos. Por causa da pandemia, nas duas principais igrejas da cidade, pelo menos 35 casamentos foram cancelados ou reagendados em apenas seis meses. O Cartório de Registro Civil registrou queda de 29% dos casamentos, em relação a 2019. Nos setores de produção de eventos matrimoniais, os prejuízos também foram grandes, chegando a queda de 90% nos contratos de prestação de serviços.
Em abril, o Sebrae fez um levantamento através da Pesquisa de Impacto Setorial, que mostrou que a pandemia afetou 98% do setor de eventos no país. Na época, 64% das empresas afirmaram que não previam demissões de funcionários, por pelo menos três meses.
Porém, o cenário atual em Santa Maria segue preocupando empreendedores do ramo. Algumas demissões e empresas encerraram as atividades, outras tiveram que remodelar processos e permanecem aguardando liberação para retomar as agendas.
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A organizadora de eventos da Primore Assessoria e Eventos, Jaqueline Mello, 43 anos, não precisou demitir funcionários, mas teve queda drástica nos contratos.
- Diante do atual cenário, de março para cá, tivemos uma queda expressiva na execução dos eventos de 89,97% comparando-se ao ano passado. Estamos gerenciando todo esse contexto em diferentes perspectivas - relata a profissional.
Dos 21 contratos fechados pela Primore de abril a dezembro de 2020 - a maioria deles casamentos - apenas um foi efetivamente cancelado. Os demais foram remarcados para 2021 e 2022.
ADAPTAÇÕES
O "novo normal" é efêmero, e a adaptação a ele, também. Jaqueline diz, que com a agenda mais livre, ocupou a equipe com cursos de capacitação e aperfeiçoamento. Além disso, a empresa passou a aparecer mais nas redes sociais, o que ajudou a manter o negócio ativo.
As redes sociais também serviram como apoio para o setor se unir e lutar pela retomada das suas atividades.
- Hoje, existe um grupo de mais de 300 empresas de vários segmentos do setor de eventos que estão praticamente sem trabalho. Nós montamos uma comitiva e elaboramos um protocolo de biossegurança que foi entregue em mãos ao governador e ao prefeito, para que possamos realizar eventos-teste em SM e região, mas até o momento não tivemos nenhum retorno - lamenta Jaqueline.
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Questionada pelo Diário, a prefeitura não deu retorno sobre esse pedido feito pelas empresas organizadoras de eventos.
NÚMEROS
Assim como os eventos, o balanço de casamentos no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais da 2ª Zona, de Santa Maria também foi negativo. De janeiro a setembro de 2019, foram 577 registros. No mesmo período deste ano, 406 casamentos foram realizados. A queda é de 29%.
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Nas duas maiores igrejas da cidade, as celebrações de matrimônio com público e cerimoniais completos não foram realizadas. Segundo a secretaria da paróquia da Igreja Catedral Metropolitana, foi necessário cancelar ou transferir 15 casamentos que tinham celebração agendada entre março e setembro. No mesmo período, 20 casamentos foram cancelados ou reagendados na Igreja Nossa Senhora das Dores.
"FELIZES PARA SEMPRE" ADIADO
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Foto: Arquivo pessoal
Uma das principais reações dos negócios foi incentivar que os clientes adiassem os seus planos em vez de cancelá-los. Foi o que aconteceu com o casal de empreendedores Máuren Leal Freitas, 32 anos, e Cristiano Palma dos Santos, 37, que há dois anos planejam o dia do sim - remarcado por duas vezes durante a pandemia.
- Casamos no civil em 19 de dezembro de 2019, e a festa seria em 19 de dezembro deste ano. Como ainda não temos certeza de vacina, adiamos novamente. Temos muitos parentes de outras cidades e não tem como fazer uma festa com 150 pessoas no meio da pandemia. A nova data é 30 de outubro de 2021, esperamos que até lá tudo esteja normal - deseja a noiva.
Enquanto esse novo normal não chega, a proprietária do salão La Sierra Eventos, Daniela Machado, reinventou os serviços oferecidos pela empresa, que trabalha com decoração, cerimonial, bufê e organização.
- Tivemos uma queda brusca na receita. Lidamos com diversos contratos cancelados e outros reagendados. Mas quando vimos que a pandemia não acabaria tão cedo, resolvemos organizar algumas ações para manter a casa, como o café colonial aos domingos à tarde, assim como a Noite do Sushi - explica Daniela.
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A doceira Dienifer Santos, proprietária da Choco Dieni - que produz doces para casamentos e demais eventos - também viu de perto o estrago da pandemia e precisou se reinventar da noite para o dia:
- Buscamos o auxílio das redes sociais para continuar com a divulgação dos nossos produtos e gerar confiança nos clientes. Nos adaptamos com embalagens especiais para entrega e cuidados necessários para saúde de todos. Aproveitamos as datas comemorativas que, neste ano tiveram um significado ainda maior, com as famílias unidas em casa.